Em um cenário onde o sofrimento emocional muitas vezes passa despercebido, o psiquiatra Pedro Leopoldo, do Hospital Brasília Águas Claras (Rede Américas), destaca a importância de familiares, professores e amigos observarem mudanças de comportamento em crianças e adolescentes. O alerta surge diante do aumento de casos ligados a desafios virtuais, automutilação e impactos negativos das redes sociais na saúde mental. Segundo o especialista, a abordagem inicial deve ser pautada em acolhimento e diálogo sem julgamentos. “O primeiro passo é demonstrar apoio, ouvir com calma e mostrar preocupação genuína. Muitas vezes, essa abertura é crucial para que o jovem se sinta seguro para buscar ajuda”, explica Leopoldo. Ele reforça que, em muitos casos, o acompanhamento profissional é essencial para evitar consequências graves e ajudar na reconstrução emocional. Sinais de alerta: quando intervir? O psiquiatra lista comportamentos que podem indicar risco. Confira os principais: 1. Sinais físicos – Marcas de cortes, arranhões ou queimadas em áreas cobertas (braços, coxas, barriga); – Uso constante de roupas compridas, mesmo em dias quentes; – Manchas de sangue em roupas, lençóis ou objetos pessoais. 2. Mudanças emocionais e comportamentais – Oscilações bruscas de humor (irritabilidade, tristeza ou apatia); – Isolamento social e evitação de atividades antes prazerosas; – Frases como “queria sumir” ou “ninguém se importa”; – Dificuldade para dormir, pesadelos frequentes ou alterações no apetite. 3. Comportamentos virtuais preocupantes – Participação em grupos online que incentivam automutilação ou desafios perigosos; – Histórico de pesquisas sobre dor, autodestruição ou temas mórbidos; – Apagar conversas e demonstrar irritação ao compartilhar dispositivos. 4. Impactos na vida social e escolar – Queda repentina no desempenho escolar; – Relatos de bullying ou conflitos com colegas; – Resistência em frequentar a escola ou eventos sociais. Como agir? Pedro Leopoldo enfatiza que a observação atenta é a chave. “Não minimize mudanças sutis. Ofereça um espaço seguro para conversar e, se necessário, busque ajuda de psicólogos ou psiquiatras”, orienta. Ele também alerta para a importância de monitorar o uso da internet, sem invadir a privacidade, mas mantendo um canal de diálogo aberto. Onde buscar ajuda? – CVV (Centro de Valorização da Vida):188 (ligação gratuita) ou via chat online. – CAPS (Centros de Atenção Psicossocial): unidades públicas de apoio em saúde mental. – Profissionais especializados em saúde mental infantojuvenil. A matéria serve como um alerta para que a sociedade esteja atenta aos sinais silenciosos. Como destaca o psiquiatra: “A prevenção salva vidas. E ela começa com empatia e escuta”. Com informações do Hospital Brasília Águas Claras.